Christian, o sonho interrompido pela tragédia no Flamengo!

Em forma de homenagem, uma conversa com o goleiro da base rubro-negra, uma das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu: “Vai com Deus, garoto”

 

Minha sexta-feira acordou com ligações ainda bem cedo: pautas agendadas ao longo do dia desmarcadas, mensagens desencontradas, tudo em meio ao desesperador noticiário do incêndio no alojamento do Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo.

E o dia não teve sorrisos.

Ao ver a lista de vítimas (ainda sem confirmação naquele momento), a memória buscou um nome em especial: Christian Esmério. Há pouco mais de quatro meses conheci o garoto, sem imaginar que dali sairia uma história para ficar marcada por toda a vida.

“Meu objetivo ano que vem (2019) é conseguir assinar meu primeiro contrato. É daí para mais, só manter no Flamengo, se Deus quiser chego um dia no profissional”

A declaração acima é de Christian, em outubro de 2018, encerrando um bate-papo descontraído que tivemos no Ninho logo após um treinamento. Tudo a metros de distância do alojamento. Diferentemente de hoje, não faltaram risadas e sonhos.

O que era resenha viraria matéria, programada para dezembro, mas nunca foi ao ar devido ao surto de caxumba no clube nos últimos dias do ano, que mexeu no planejamento interno.

Christian será enterrado na manhã deste domingo, em Irajá. Hoje, não só como homenagem, mas respeito, conto a minha visão, nas palavras e voz de um adolescente que em 16 minutos de conversa ensinou o conceito de alegria e amizade.

De fala fácil, Christian começou e terminou o papo com o sorriso no rosto. Natural de Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro, o garoto revelou que a ideia, muito antes de pensar em virar profissional, era jogar na linha, assim como o irmão. Mas o destino quis que o caminho fosse traçado com luvas.

“Tentei na linha, mas foi uma história bem bonita de se ver. Fui fazer teste na linha, meu irmão jogava, aí falei, “pai, me leva lá para o Madureira para fazer um teste”. Meu pai me levou. Só que no dia do teste todos os goleiros faltaram. Eram três, nenhum deles foi, o gol estava vazio. Eu falei, “pô, professor, posso ir lá agarrar?”. Eu fui bem, gostei. O treinador de goleiros me viu, falou com meu pai, “vamos levar o garoto para ele trabalhar um pouquinho, se adaptar, vejo que ele tem potencial, pode ser um grande goleiro no futuro”

A memória não era tão boa com datas – como ele mesmo me confidenciou -, mas aos 8 anos, “em 2011 ou 2012”, foi levado pelo preparador para o Vasco. Sem espaço, buscou as primeiras oportunidades no modesto Marabu (hoje Montanha Clube). Ali se encontrou, voou e não mais parou. Nem mesmo quis voltar para São Januário. Goleiro convicto, seguiu a trajetória: Marabu-Madureira, Madureira-Flamengo.

Fonte: Portal G1 –  – Por Igor Rodrigues — Rio de Janeiro – https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/christian-o-sonho-interrompido-pela-tragedia-no-flamengo-e-a-entrevista-que-nao-foi-ao-ar.ghtml

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